
Advertência preliminar
Começo por advertir que com este artigo não pretendo fazer qualquer correlação entre a corrupção e a diabetes, mas apenas enumerar algumas das semelhanças nas estratégias seguidas para diminuir o seu impacto na sociedade, já que a erradicação de qualquer delas não passa de uma utopia.
Lembrei-me deste tema na viagem para Elvas, no dia 9 de dezembro de 2022, quando me deslocava para participar com a maioria dos membros do Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC) na Sessão Comemorativa do Dia Internacional contra a Corrupção, que teve lugar na Escola D. Sancho II, naquela cidade.
Acresce que se dá a coincidência de ter começado a integrar o CPC como membro cooptado em 2010, precisamente no ano em que me foi diagnosticada a diabetes tipo 2.
Alerto para o facto de haver um triplo conflito de interesses ao escrever este artigo, dado que sou membro do CPC e diabético tipo 2, como acabei de referir, sendo também o Associado número 2868 da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), desde março de 2015.
Peço antecipadamente desculpa ao Dr. José Manuel Boavida, Presidente da APDP, a quem os diabéticos portugueses muito devem pela sua prestimosa dedicação, competência e empenho na ajuda prestada permanentemente pela sua APDP, bem como à médica de diabetologia que me observa e orienta, e ainda à minha médica de família, pelas imprecisões terminológicas que eu possa ter utilizado relativamente à doença, ou ao mau serviço que possa estar a prestar, sem intenção, aos meus colegas diabéticos.
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¹A diabetes mellitus é uma doença na qual o organismo não produz uma quantidade suficiente de insulina (ou não responde normalmente à insulina) provocando um elevado nível de açúcar (glicose ou glucose, como também é designada) no sangue. A análise dos níveis da glicose é o principal indicador de diabetes. A palavra mellitus a seguir a diabetes, serve para indicar que é associada à glicosúria (urina adocicada) e à hiperglicemia (glicose do sangue elevada), distinguindo-se assim da diabetes insipidus, também designada por diabetes insípida, doença muito rara (cerca de 3 casos por 100 000 pessoas/ano) em que a urina, que é produzida em grandes volumes, não é adocicada e não ocorre a situação de glicose elevada.
A diabetes mellitus, que é aquela que é referida neste artigo, apresenta três variantes: a tipo 2, a mais vulgar, também conhecida por “diabetes não insulino-dependente” ou “diabetes tardia”, tem origem na resistência à insulina e tem como principal causa o peso excessivo e a falta de exercício físico; a tipo 1, ou “insulino-dependente", desenvolve-se essencialmente em crianças e adolescentes, tem origem na produção insuficiente de insulina pelo pâncreas e é de prevalência menor, afetando cerca de 10% das pessoas diabéticas, mas requerendo tratamento regular com injeções de insulina, normalmente ao longo da vida dos doentes; um terceiro tipo é a diabetes gestacional que afeta cerca de 6% a 7% das grávidas durante o período de gestação, carateriza-se ela elevação do açúcar no sangue, particularmente nas mulheres obesas ou com antecedentes familiares diretos com diabetes tipo 2.
Neste artigo centrar-me-ei essencialmente na diabetes mellitus tipo 2, que passarei a partir daqui a designar, por razões de simplificação, apenas por diabetes tipo 2, dado ser aquela que, tal como a corrupção, podem ser relativamente refreadas ou controladas se ocorrer a alteração comportamental positiva dos cidadãos para enfrentar estas “doenças”.
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